domingo, 9 de outubro de 2011

Dois anos depois

Olá,


     Hoje faz 2 anos que a Fran se foi..... Às vezes parece que já faz uma eternidade, e em outros momentos parece que tudo aconteceu ontem. Acho que essa falta de percepção do tempo é que faz com que nós consigamos viver cada dia sem tanto sofrimento. E realmente, como diversas pessoas disseram, só o tempo acalmaria o nosso coração. E agora ele já não sangra tanto, eu já não choro mais pela minha irmã. Sinto muitas saudades, claro, mas já não sofro tanto. A gente vai se acostumando com a falta, a saudade, a ausência. E vai tocando a vida assim.
      Mas me sinto na obrigação de compartilhar com vocês um outro grande sofrimento na minha família. Vocês que sempre me ajudaram a superar o meu luto e me apoiaram. A minha mãe também faleceu. Dia 28/07/2011 ela partiu, quem sabe para encontrar a Francine. Ela teve um diagnóstico de câncer de ovário em fevereiro desse ano. Fez uma cirurgia para a retirada dos ovários e teve que fazer um tratamento complementar para garantir que a doença não voltaria. Fez 6 sessões de quimioterapia, a cada 21 dias, perdeu o cabelo, mas passou bem por todas as sessões. O médico disse que ela estava curada. No dia 11/07 fez a última sessão de quimio e no dia seguinte ela completou 60 anos . Fez uma festa para 60 amigas, agradecendo o apoio de todas desde a morte da Francine e a luta contra a doença. Estava tudo bem..... Mas no dia 25/07, duas semanas após o aniversário, ela começou a passar mal. Teve uma infecção intestinal. Teve vômito e diarréia o dia todo. E ficou muito fraca. O organismo estava debilitado por causa da quimio. Ligamos para os médicos e eles disseram que era normal. No dia seguinte ela continuou muito fraca, o rim parou de funcionar. Chamamos o pessoal da Unimed, eles estiveram duas vezes em casa e disseram que estava tudo dentro da normalidade. Falamos com o pessoal da clínica em que ela fez o tratamento do câncer e disseram que estava tudo bem. Ela tinha que ser hidratada e logo voltaria a ficar bem. Mas ela dizia que estava muito mal, sentia muitas dores no abdômen. Só na terça a noite resolveram interná-la. Ela estava tendo um choque séptico. Na quarta ela foi operada, pois não sabiam o que ela tinha. Descobriram que ela teve uma isquemia mesentérica, que é um infarto no intestino. Grande parte do intestino dela estava necrosado, e com isso ela começou a ter uma infecção generalizada. Ela saiu da cirurgia, foi para a UTI e sobreviveu um pouco mais de 12 horas. O organismo não conseguiu reagir. Mais uma vez: será que houve erro médico? Será que todos foram negligentes porque ela ficou sofrendo dois dias e todos disseram que era normal? Nunca vamos descobrir. Talvez tenha sido uma fatalidade e não gosto muito de pensar nisso.
     Mas agora imaginem o nosso sofrimento!!!! Éramos 5 pessoas. Meus pais, meus dois irmãos e eu. E em menos de 2 anos ficamos em 3 pessoas. As pessoas que cresceram comigo, a minha família, aquela que está sempre ao nosso lado, nos apoiando, todos juntos, nos momentos bons e ruins, nas alegrias e nas brigas. Mas sempre juntos, como uma base. Isso acabou..... Era para a nossa família aumentar.... Todos casarem, terem filhos e meus pais nos recebendo nos fins de semana para aquele almoço cheio de histórias, com todos falando ao mesmo tempo e as crianças correndo de um lado para o outro. Isso não será mais possível. Não desse jeito que eu sempre imaginei.
     Estamos lutando agora para superar mais essa perda. Quando já estávamos nos reerguendo depois da morte da Fran. E agora precisamos começar tudo de novo.
     Isso é prova de como a droga pode acabar com uma família. Eu tenho certeza que a minha mãe desenvolveu o câncer em virtude do sofrimento da perda da filha. Ela não morreu de câncer, mas foi uma conseqüência da doença. Talvez se a Fran estivesse bem, a minha mãe também estaria bem. Ela nunca conseguiu aceitar a morte da Francine.
     Por isso acho que vocês devem continuar divulgando o blog para quem ainda não conhece. Eu parei de escrever, mas a história ainda é atual, e como! Cada vez mais jovens estão se envolvendo com drogas e não conseguem mais sair dessa. Tantos jovens estão morrendo.... Sabemos de tantas histórias tristes.... Ninguém merece isso. A família não merece, o jovem, que tem uma vida inteira pela frente, não merece. Precisamos buscar a tão sonhada felicidade em outro lugar. Não nas drogas. Eu não entendo essa necessidade do jovem de hoje de sair tanto, beber todas. Não pode perder uma balada. Por isso acaba experimentando qualquer coisa que o deixe acordado. Porque tem que sair todas as noites, estudar e trabalhar! Parece que o mundo vai acabar na semana seguinte. Será que não dá para aproveitar um pouco de cada vez? Pegando o meu exemplo: eu tenho 36 anos e ainda saio de noite com meu marido, vamos numa balada, bebemos, nos divertimos. Não fazemos isso todos os dias, nem todos os fins de semana. Temos uma filha, gostamos de ficar em casa, temos compromisso de trabalho. Mas ainda nos divertimos. Será que o jovem acha que só vai fazer isso até os 25, 26 anos e depois vai ficar trancado em casa?
     Tenham calma.... não tenham tanta pressa na vida... aproveitem cada momento... faça cada coisa de uma vez. A vida é enorme. Teremos tempo para tudo se tivermos mais paciência! Ninguém precisa se drogar para poder ficar acordado mais tempo para aproveitar todos os momentos o tempo todo. Cada momento é único, e devem ser especiais.

Espero que isso sirva de lição para todos os que passam por problemas!

Um grande beijo a todos

Isabela