quarta-feira, 9 de junho de 2010

Texto Lya Luft

Na Revista Veja dessa semana, a Lya Luft escreveu um artigo muio interessante sobre drogas, com o título: "Os enigmas da adição". O texto fala sobre as dificuldades que a pessoa tem em deixar as drogas. Vou postar aqui alguns trechos do artigo, mas quem tiver a oportunidade, leia o artigo na íntegra.

"Livros, seminários, teses e teorias em abundância são elaborados em cima da primeira pergunta: por que nos drogamos? E a outra grande indagação: como nos salvamos- se nos salvamos - e por que isso é tão difícil?
     Nem para uma questão nem para a outra há muita explicação ou lógica. Não é errado dizer que nos drogamos para anestesiar angústia, trsiteza e frustração; por onipotência juvenil, do tipo "eu sei me cuidar"; por achar que ficamos mais fortes, mais falantes, mais interessantes. A droga cega para os fatos reais, pois bêbados ou impregnados de outra substância somos importunos, chatos, patéticos. Mas não é só isso: existe um componente imponderável, que chamamos voz do vórtice sombrio embaixo dessa escada da vida que tantas vezes subimos pelo lado que desce - ele chama para autodestruição sem freios. A razão de qualquer vício não está na superfície, não é visível. Muitas vezes mesmo para o mais dedicado terapeuta permanece o enigma, que nem o viciado entende.
     Uma vez instalada a adição, o amor da família ou pela família, a ruína financeira, vergonha ou isolamento, pouco adiantam: foi-se o instinto de sobrevivência, último a nos abandonar. .....
.... E como nos salvamos? Qulaquer adição, para ser superada, exige em esforço sobre-humano, às vezes pelo resto da existência. A família nem sempre consegue ajudar: o viciado torna-se um estranho, os envolvidos se afastam. Grupos de alcoólicos anônimos e outros são os mais bem-sucedidos, acompanhados de remédios, terapias, quando necessário um período de internação. O medo da morte pode despertar (nem sempre) para a crua realidade; algum novo relacionamento serve de alavanca, se deixar claro: com vício, nada feito.
     Os casos de vitória sobre a adição são heróicos; inspiram respeito e admiração; provam que a vida pode superar a morte. Nessa tumultuada arena, a vontade de sair do inferno, o arcaico desejo de sobrevivência, de significado, respeito e reconstrução, às vezes vencem. Ilumina-se o que parecia uma noite definitiva: alguém com alguma ajuda conseguiu abrir a pesada porta para fora dessa prisão, sinal de que outros podem fazer o mesmo."

Que o texto sirva de reflexão para os que precisam de ajuda. Para que não desistam da luta diária, porque vale muito a pena viver.
Quando descobri que a Francine estáva envolvida com drogas, e precisava de tratamento, o que me logo me veio à mente foi: e agora, ela nunca mais vai poder beber? Na nossa família todos adoram passar os momentos de lazer tomando uma cerveja, um vinho, durante uma boa conversa. Fiquei imaginando, qual a graça seria para ela, participar de tudo isso sem colocar uma gota de álcool na boca. Tentar achar outras formas de diversão. Para um  dependente, a vontade de viver tem que ser maior do que tudo isso, mas ele precisa ter a plena consciência da sua doença, que para mim é umas das partes mais difíceis de toda a situação: aceitar as suas fraquezas. Acho que ela nunca entendeu isso, nunca aceitou que precisava ficar longe da bebida para poder se salvar. E o "incompetente" do médico(desculpe o termo, mas para mim ele foi muito imcompetente), depois de 3 meses de abstinência, liberou a bebida para ela. A Francine voltou aos poucos, mas em menos de um mês não aguentou e teve a recaída na droga. Quando ela não podia beber, ela não tinha consciência da sua doença, reclamava muito, mas aceitava o tratamento. Como o médico e a psicóloga não perceberam? Ela tomava cerveja sem álcool, mas toma 6 garrafinhas numa noite, nítido sinal de descontrole, de compulsão. Como eles puderam errar tanto no tratamento dela?
Ficará a dúvida para sempre....

Um grande abraço a todos
Isabela

2 comentários:

  1. mas é isso q eles são incompetentes!!! será q eles conseguem dormir hoje!?!?

    Carol Souza

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  2. Olá, sou prima da Bia e do Calico, por parte da Mery. Fiquei muito triste por tudo! Não consigo mensurar a dor que vocês sentiram e ainda sentem. Com relação à atitude do médico, fiquei passada, incompetência é pouco para definir a posição dele. Mas tenham fé, pois sempre tem Alguém lá em cima olhando por nós! Nossa família também sofreu com um problema parecido, hoje está tudo bem, mas na época foi muito doloroso para todos. Um grande beijo, fiquem com Deus!

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